Se eu acabasse morrendo tentando explicar o que eu sinto da vida eu diria: valeu sim. Diria que só precisei de um dia e tudo se fez entender como a falta de ar. Que o sol me abraçou muito cedo e meu corpo tremeu feito um raio de luz que supera a manhã. Acordei muito louco, gritando: acode pra ver. Corre, vem ver. Mas era o dia e só era o dia e ninguém viu, ninguém entendeu. Amarelei, quase caí, fiquei sem o chão e o sangue me veio nos olhos já quase fervendo. E lá, em outro lugar, eu sonhava que se eu escapasse de não pertencer ao que a vida me quis, se eu não acabasse fechado numa sala, sorrindo e feliz, levaria meus dias cantando: acorde pra ver. Corre, vem ver.